Recente pesquisa da CATHO aponta que mais da metade dos entrevistados tinha como meta para 2014 mudança de emprego, visando, entre outros pontos, equilíbrio entre as esferas pessoal e profissional e busca por melhor qualificação. É interessante notar que alguns consideravam estes pontos até mais importantes do que remuneração direta.
É bem possível que pelo atual momento, você tenha se identificado com os resultados desta pesquisa. Pelas características dos participantes, leitores de um portal especializado em questões de trabalho, possivelmente a pesquisa tenha atingido parcela da população cujas necessidades básicas já estão satisfeitas, pessoas que buscam suprir outras motivações, tais como senso de missão, visão de futuro, e sobretudo a busca por conhecimento. Este último tem se mostrado um dos grandes impulsionadores na transformação da sociedade, e por consequência do mundo do trabalho.
Como alguém que vivenciou diferentes fases da vida profissional, senti identificação com a conclusão da pesquisa, pois, como compartilho em algumas das palestras, a decisão mais difícil que tomei foi aos 22 anos quando troquei o emprego de engenheiro em uma multinacional do setor de alumínio por realizar mestrado em Florianópolis. O ponto principal que levou a esta decisão foi vislumbrar, observando alguns colegas que estavam na empresa há 15 ou 20 anos, se estes seriam modelos de carreira compatíveis com minha visão de futuro.
Aqui cabe uma explicação, apesar de ter aprendido muito naquele período, vi que minha competência, engenharia mecânica, tinha uma perspectiva de crescimento técnico bem limitada naquela empresa, uma fábrica metalúrgica, onde colegas formados em outras áreas tinham, sim, maior possibilidade de desenvolvimento. Voltando às consequências daquela decisão, considerando que a bolsa de mestrado era menor que o salário da empresa, somando-se ao monstro da inflação do final dos anos 80, de certo a decisão gerou perda financeira por algum tempo, que fiz questão de não mensurar, pois os ganhos em outras esferas foram também incalculáveis. Realmente, aquela escolha teve o maior impacto na vida.
Você pode estar se perguntando, será que ele sabia o que queria com tão pouco idade?
É evidente que certeza eu não tinha, mas sabia exatamente o que não desejava, e isto foi o suficiente para tomar a decisão. Aqui, gostaria de ter compartilhar duas reflexões.
A você que é um colaborador, busque analisar quais são as perspectivas de crescimento, em termos de conhecimento em sua organização, analise as pessoas mais experientes no ambiente. É importante escolher mais de uma pessoa para evitar tendências positivas ou negativas. Assim como em outras áreas, quanto mais ampla for sua base de comparação, mais parâmetros você terá na decisão. Descubra quais “rotas de conhecimento” estão ao seu alcance, e desenvolva seu plano para segui-las. E se verificar que lá não existem tais rotas para você, tenha a coragem para mudar!
Já ao líder, sua função é mais complexa, porque além de analisar a si próprio quanto às rotas, deve ter o discernimento em relação aos membros de sua equipe, a fim de perceber quais estão trilhando estes caminhos na organização. Esta preocupação torna-se ainda mais relevante ao ver a influência da geração Y no mundo das empresas. Em síntese, apoie seus colaboradores, e mostre a eles carreiras de conhecimento.
Concluindo, quer você seja colaborador ou líder, existe algo em comum, para grande maioria das pessoas o elemento mais motivador é a visão de crescimento, e cada vez mais isto passa pelas rotas de conhecimento! Lembre-se que em vários cenários, a decisão implica coragem, e isto deve ser exercitado ao longo da vida, e não apenas declarado como um desejo de réveillon. A propósito, este ano definitivamente já iniciou, mesmo para aqueles que “esperavam pelo carnaval”, e como você sabe, este vai passar bem mais rápido…
Pense nisto, e sucesso em sua carreira!